O cumprimento da Lei Geral da Deficiência não é apenas uma obrigação legal, também traz talento e diversidade às empresas. No entanto, por vezes o cumprimento não é fácil para algumas empresas. Fatores como a acessibilidade das instalações, recursos e ferramentas adaptados, tratamento adequado, liderança inclusiva e políticas de flexibilidade, teletrabalho e equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal são algumas das chaves fundamentais para facilitar a incorporação e integração de pessoas com deficiência nas organizações. Falámos com Susana Vinuesa, Organização do CECABANK, Miguel Fontela, Retail HR Business Partner (Portugal & Spain) da ESTÉE LAUDER, Patricia Gálvez, Junior Legal Counsel e Raquel Campillo, Legal Counsel do BEAM SUNTORY, sobre as aprendizagens e os desafios envolvidos na inclusão desta área de diversidade.
A diversidade funcional é um termo que define a deficiência, mas dando ênfase ao reconhecimento das diferentes capacidades que existem nas pessoas. De acordo com a Fundação Adecco, a contratação de pessoas com deficiência vai aumentar 8% em 2022, o que é uma boa notícia, embora haja ainda um longo caminho a percorrer.
"No setor de luxo não é assim tão simples, principalmente no ponto de venda. Talvez porque ainda existem certos estereótipos sobre a diversidade funcional. É algo que tem de ser retificado, não há dúvida. De facto, muitas marcas de lifestyle já o fazem, integrando nas suas campanhas pessoas que representam a diversidade existente na sociedade. Na Estée Lauder Companies, criámos um grupo de trabalho de Inclusão e Diversidade composto por 12 funcionários de diferentes departamentos (marketing, finanças, logística...) para estabelecer um calendário anual com diferentes iniciativas alinhadas com a estratégia da empresa. São 12 funcionários que decidiram participar voluntariamente porque gostam destes temas, acham-nos interessantes e isso permite-lhes fazer coisas diferentes do que fazem no seu trabalho habitual. A recetividade tem sido muito boa", explicou Miguel Fontela, Retail HR Business Partner (Portugal & Spain) de ESTÉE LAUDER COMPANIES.
"Uma boa forma de conseguir a integração de pessoas com diversidade funcional é através da colaboração com as várias fundações especializadas neste trabalho e que as formam para realizar diferentes trabalhos e ofícios. Trabalhamos com a Fundação Juan XXIII, bem como com a Fundação Randstad, em ações que aliam a sustentabilidade à diversidade, tais como a limpeza de um parque ou a plantação de árvores com pessoas com diferentes capacidades. Isto cria uma atmosfera muito agradável de igualdade e empenho, o que é muito inspirador e motiva a equipa. O voluntariado empresarial é uma fórmula de integração, embora ainda seja necessário ir mais longe, porque já é solicitado no Relatório do Estado Não Financeiro e isto determina quem é como empresa, independentemente do valor económico. Na Beam Suntory, cada funcionário deve ter um objetivo DEI (Diversidade, Equidade e Inclusão) e cumpri-lo, e isto já está em vigor a todos os níveis. Isto é considerado na avaliação do desempenho, porque se não houver objetivos, não há compromisso. Além disso, temos grupos específicos de aliados e comissões de diversidade para desenvolver ações e incluir todos na organização", acrescentou Patricia Gálvez, Junior Legal Counsel e Raquel Campillo, Legal Counsel da BEAM SUNTORY.
"No Cecabank procurámos soluções de mobilidade e ergonomia para eliminar barreiras arquitetónicas e promover a autonomia e integração de pessoas com mobilidade reduzida. O nosso Plano de Igualdade e as nossas políticas internas estão centradas neste objetivo, criar um ambiente de trabalho ideal para as pessoas e integrar pessoas com diferentes capacidades. Além disso, somos uma empresa que está comprometida com a integração social e laboral de pessoas em situação de exclusão social e com deficiência. Aliás, em 2020, recebemos o prémio da rede Compromiso Integra. A sociedade está a progredir e as empresas têm de ser um reflexo dessa sociedade, temos a responsabilidade de contribuir para a mudança rumo a uma sociedade mais igualitária, inclusiva e sustentável", disse Susana Vinuesa, Organização do CECABANK.
Para os/as participantes neste Diversity Breakfast do programa Diversity Leading Company de Equipos&Talento, a integração de pessoas com deficiência na empresa traz valor e muitos benefícios para além do trabalho:
– A sua contribuição enriquece as pessoas e as equipas da organização.
– A sua participação fomenta a responsabilidade, a resiliência e a motivação.
– São um exemplo de superação de obstáculos e adversidades.
– O seu compromisso fomenta a empatia e a solidariedade.