Juan José Gutiérrez, diretor corporativo de Serviços Tecnológicos do Cecabank
O universo dos pagamentos encontra-se perante um cenário desafiante e transformador que está a reformular o negócio tal como o conhecemos. A rápida adoção de sistemas de pagamento digital pelos consumidores, somada à proliferação de serviços que vão para além das transações financeiras habituais, resultaram num vasto leque de oportunidades para o setor financeiro, potenciadas pelas tecnologias emergentes, pela digitalização e pela globalização. Os números vaticinados pelos especialistas ecoam nas nossas mentes: até 2030, os pagamentos eletrónicos triplicarão a nível mundial. Embora essa data esteja ainda distante, o setor está a avançar a passos firmes nessa direção.
Em 2023, foram processadas mais de 1011 milhões de transferências instantâneas em Espanha, mais 22,5% do que no ano anterior. De facto, estas transferências imediatas, efetuadas através de plataformas como a Bizum, representam mais de metade das transferências imediatas processadas no sistema nacional espanhol - 54% do total. Deste total, o Cecabank, como one stop shop de pagamentos e entidade especializada em soluções de pagamento com cartão, conta, comércio eletrónico e pagamentos móveis, processou mais de 1450 milhões de transações com cartões e mais de 800 milhões de operações com contas, incluindo 156 milhões de transações Bizum de cliente a cliente.
A transformação do negócio faz agora parte do presente, e um dos drivers desta mudança é a tecnologia. Tanto os bancos como os prestadores de serviços de pagamento (PSP) estão empenhados em desenvolver novas soluções que melhorem a experiência de utilização dos pagamentos. A inteligência artificial, por exemplo, é vista como uma ferramenta fundamental não só para incorporar na dinâmica dos pagamentos, mas também para oferecer padrões de comportamento e facilidades de autenticação dos utilizadores, de modo a otimizar os processos de pagamento e evitar a fraude. Além disso, esta transformação é integral, uma vez que abrange não só a experiência do utilizador, como também tem fortes implicações nos processos internos das entidades.
As novas tecnologias emergentes também deram origem a novos produtos que exigem a reinvenção dos diferentes atores para adaptarem os seus sistemas aos novos produtos. O euro digital e as CBDC podem melhorar a eficiência e a inclusão financeira, mas também levantam questões em termos de adoção, modelos de compensação e interoperabilidade. O Banco de Espanha selecionou o Cecabank em 2023 para o seu programa de experimentação de CBDC em operações interbancárias.
Não podemos esquecer outro grande motor de mudança a nível europeu, que é a regulamentação. O roadmap regulamentar que o Regulamento sobre transferências imediatas e as normas em debate como a PSD3, a PSR ou a FIDA implicam, obrigará todos os participantes a adaptarem-se a novas formas de atuação, em busca de um mercado cada vez mais integrado e aberto. O Cecabank, como fornecedor de pagamentos grossistas que é também um banco, está a trabalhar para facilitar uma transição tão harmoniosa quanto possível aos seus clientes para os novos cenários.
Este avanço imparável do processo de mudança nos pagamentos não está isento de desafios. A medida que a digitalização dos pagamentos se intensifica, o mesmo acontece com as ameaças cibernéticas. Neste ponto, é crucial garantir o equilíbrio entre a segurança dos dados e o serviço ao utilizador, privilegiando a qualidade, a facilidade de gestão e a agilidade das operações. Dada a complexidade do sistema, a chave reside em acrescentar valor e melhorar os processos, com o objetivo de oferecer uma experiência de pagamento sem atritos, mais rápida e mais ágil.
Assim, no Cecabank trabalhamos há anos com o firme compromisso de acrescentar valor e transformar a heterogeneidade do sistema de pagamentos numa experiência simples, cómoda e rápida para o utilizador, apostando na adoção de normas de segurança robustas e implementando medidas de autenticação avançada como o reconhecimento de dispositivos , IP ou mesmo o comportamento de compra, para detetar o cliente real e garantir a confiança e a segurança durante todo o processo.
Os avanços são notáveis, embora haja ainda algum caminho a percorrer. Face aos desafios tecnológicos e de segurança decorrentes do crescimento exponencial do setor dos pagamentos, a regulamentação está a surgir como um quadro global para garantir o avanço unificado, coerente e coordenado do setor. Além disso, com a introdução de novas formas de pagamento, como as transferências instantâneas, o euro digital e as CBDC, é essencial rever e adaptar o quadro regulamentar para garantir a estabilidade, promover a inovação, proteger os interesses dos consumidores e construir um sistema de pagamentos universal, competitivo, interligado e eficiente.
Só através de uma estreita colaboração entre todos os protagonistas e de uma abordagem pró-ativa à inovação poderemos enfrentar os desafios emergentes e aproveitar as oportunidades oferecidas pela digitalização para construir um futuro sustentável e seguro para o negócio dos pagamentos. No Cecabank continuaremos na vanguarda da mudança para continuarmos a abrir caminho em matéria de pagamentos para os nossos clientes.
