2 de julho de 2021

Aurora Cuadros: "Queremos ser o «centro» nacional dos «securities services»"

El Confidencial

2 de julho de 2021

A diretora faz um balanço do efeito da pandemia no setor, dos desafios a curto e médio prazo e das novas iniciativas que o Cecabank realiza na sua atividade.

Recentemente nomeada Diretora Corporativa de Serviços Operacionais, Aurora Cuadros é uma veterana na entidade de depositário e custódia do Cecabank, onde passou oito anos a liderar projetos relacionados com "securities services" e com a transferência do negócio de depositário.

Em conversa com este jornal, a diretora indicou que enfrenta esta nova etapa num setor em que, na sua opinião, a consolidação ao nível de depositário chegou ao fim e em que o desafio agora é contribuir para a diversificação de iniciativas disruptivas, tais como serviços de "nuvem" e criptoativos, bem como tornar o Cecabank o "centro" nacional de "securities services", proporcionando aos clientes espanhóis o acesso aos mercados internacionais.

PERGUNTA. Acaba de ser nomeada diretora corporativa dos serviços operacionais, quais são os seus objetivos?

RESPOSTA. A estratégia do futuro da entidade nos próximos anos acontece por dois eixos. Por um lado, a transformação de todo o processo de automatização para ser mais eficiente; por outro lado, diversificação com iniciativas de natureza mais disruptiva, tais como presença e posicionamento internacional, custódia de criptoativos e o desenvolvimento dos produtos que já oferecemos aos nossos clientes num quadro de "Software as a Service" (SaaS). O objetivo é aumentar o valor acrescentado para os nossos clientes através do fornecimento de novas soluções. A chave é desenvolver os nossos serviços como "partner" em torno da nossa atividade principal, que é a custódia, liquidação e depositário.

P. Quais são os seus desafios a médio e longo prazo?

R. Somos o principal banco depositário e de custódia em Espanha e isto implica uma responsabilidade significativa em termos de volume de custódia e ativos, o que implica manter a gestão do BAU ("Business as Usual"), ou seja, o nosso negócio quotidiano.

Mas não podemos ficar por aí, porque não cresceríamos. Temos de observar as tendências do mercado e, paralelamente à gestão quotidiana, ser capazes de ter uma abordagem inovadora, o que constitui um desafio fundamental. Para tal, estamos a desenvolver uma série de iniciativas estratégicas que complementam a cadeia de valor da área de serviços operacionais e asseguram que o "time to market" seja o mais curto possível com os nossos clientes e, acima de tudo, permitem-nos avançar. Estas iniciativas estratégicas têm de "andar de mãos dadas" com os nossos clientes para que possamos satisfazer sempre as necessidades e, claro, dar respostas na altura certa.

"As iniciativas estratégicas têm de andar de mãos dadas com os nossos clientes, a fim de satisfazer sempre as necessidades"

P. Enquanto fornecedor de SaaS, no que está a trabalhar?

R. Este é um dos desafios que faz parte da nossa estratégia para o futuro. O que temos atualmente para os nossos clientes é uma plataforma muito "ad hoc" que lhes permite aumentar a comercialização dos seus produtos, tais como fundos de investimento, planos de pensões, entre outros. Tudo a partir da carteira do cliente final. A ideia é criar uma plataforma, não tanto ao nível do projeto, o que torna os prazos demasiado longos, mas focalizada no produto, de modo a ser uma plataforma homogénea para todos os nossos clientes.

Como maior depositário, esta plataforma seria uma espécie de supermercado para todos os nossos gestores, onde os seus produtos poderiam ser comercializados e poderiam tirar partido dos benefícios de outros clientes que trabalham connosco. Para que tudo isto possa ser feito de forma rápida e eficiente, teríamos de avançar no sentido da normalização, para o conseguirmos fazer no espaço de tempo mais curto possível.

P. Em relação às moedas digitais, vários bancos centrais estão a trabalhar na emissão das suas próprias moedas virtuais; Qual é a sua apreciação?

R. Atualmente vários bancos centrais estão a trabalhar na emissão das suas próprias moedas digitais, tais como a China ou a Suécia. No que respeita ao caso específico do euro, a viabilidade da questão está em estudo, mas acreditamos que se trata de um projeto para o futuro. No entanto, a nível regulamentar ainda esteja muito longe de ser desenvolvido. O Cecabank faz parte da iniciativa do "smart money" em colaboração com a Iberpay, onde estamos atualmente a fazer uma prova de conceito. Somos 16 instituições que fazem parte deste projeto, que está intimamente ligado ao Banco de Espanha.

P. Em que outras iniciativas está a trabalhar?

R. Estamos a trabalhar para nos tornarmos custódia e depositário de criptoativos. Acreditamos que, por um lado, devido à nossa especialização e, por outro, devido ao nosso conhecimento da regulamentação no mundo da custódia, temos um valor diferencial para podermos desenvolver neste campo.

P. Qual foi o impacto da pandemia no negócio do Cecabank?

R. Temos sido capazes de nos adaptar a esta situação inesperada e incerta com distinção. Em primeiro lugar, porque fomos capazes de conceber um plano de ação que revelou algo que, embora para muitas entidades fosse comum, para nós na altura não o era, foi como uma nova forma de nos relacionarmos: o teletrabalho. Não só fomos capazes de nos adaptar a esta nova forma, como tínhamos uma série de compromissos a assumir durante 2020 que eram necessários porque tinham um impacto direto nos resultados da empresa. Refiro-me à consolidação de grandes sucessos como o aumento de clientes e, por conseguinte, um aumento significativo dos negócios.

Nesta situação de incerteza, efetuamos a transferência do depósito de veículos do Kutxabank, transferimos o primeiro cliente português em termos de depósito, que foi o BPI, fechámos contrato com o Bankia e trabalhámos com a entrada de clientes tripartidos de uma forma bastante generalizada. Assim, neste período de confinamento, tivemos de nos adaptar enquanto organização e continuar a consolidar-nos, atraindo negócios como líder de mercado, por isso eu diria que o Cecabank saiu-se muito bem.

P. Que processos de melhoria foram implementados na sequência da pandemia?

R. Já estávamos a trabalhar nisso antes da pandemia, mas nesta fase confirmou-se que este era o rumo que tínhamos de tomar. Refiro-me a trabalhar de uma forma transversal. Cada nova entrada de negócio, cada novo cliente, para o fazer com sucesso, temos de trabalhar a partir de grupos transversais em apoio à equipa específica dentro de cada área. Esta forma de trabalhar significava que, mesmo que não trabalhássemos fisicamente no mesmo local, nada se atrasava em relação ao planeamento inicial. Além disso, no seio das equipas transversais, cada uma das pessoas que faz parte das mesmas envolveu-se de forma muito positiva. Os grupos transversais são, sem dúvida, a chave para o sucesso.

"No depositário, a consolidação atingiu o seu auge: em 2008 existiam 150 depositários no mercado espanhol e hoje em dia são menos de 15"

P. Há consolidação no setor depositário, qual é o futuro do setor?

R. Do lado do depositário, acreditamos que a consolidação quase atingiu o seu auge. Em 2008 havia cerca de 150 depositários no mercado espanhol e hoje há menos de 15, e na realidade há cinco grandes depositários. A partir de hoje, restam muito poucas operações significativas a nível nacional.

Isto, contudo, não acontece na área da custódia, porque há uma série de especificidades no negócio da custódia que são muito diferentes do negócio dos depositários, o que significa que ao nível nacional ainda temos uma grande margem de manobra na área da custódia. Além disso, queremos que o Cecabank consolide a sua posição como centro nacional de "securities services", proporcionando aos clientes espanhóis o acesso aos mercados internacionais.

P. Quais são os desafios que o setor enfrenta?

R. No setor depositário, o processo de consolidação chegou ao fim a nível nacional, o que nos leva a avançar para outra forma de fazer as coisas, para novos produtos, sair da nossa área. Para tal, temos de implementar soluções disruptivas que vão além da pura manutenção do negócio e visem o crescimento. Para crescer, o que se tem feito até agora não é suficiente; é preciso ir um passo mais além.

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