17 de fevereiro de 2022
TRIBUNA de Aurora Cuadros, diretora corporativa da Área de Serviços Operacionais, Cecabank.
Os ativos digitais, que são, essencialmente, representações digitais de propriedade com potencial valor monetário, entraram nas nossas vidas com tal força que conceitos como o de criptomoedas integraram o nosso vocabulário e imaginário coletivo, ao ponto de parecerem fazer parte do panorama financeiro, quando na realidade a sua invenção data apenas de há dez anos; e em alguns casos, como com os "utility tokens", a aproximação financeira deveria ocupar um segundo plano face a aproximações operacionais ou casos de uso.
Embora essa rápida adoção leve a uma considerável falta de conhecimento deste tipo de ativos e, por vezes, um ceticismo justificado em relação a este tipo de bens, não há dúvida de que não se trata de uma moda passageira, mas o que poderia ser um novo asset class que, principalmente graças à tecnologia "blockchain", também tem um enorme potencial revolucionário.
Até à data, os volumes de investimento em moedas digitais, os presságios sobre os quais nos guiamos até uma tokenização da economia ou as conversações em torno de um hipotético "euro digital" ilustram bem o momento de efervescência e rápida evolução que esses ativos digitais enfrentam. Este desenvolvimento não impede que o mundo das criptomoedas e dos tokens enfrente desafios significativos e recomenda uma abordagem cautelosa por parte dos reguladores, agentes financeiros e particulares que são constantemente bombardeados sobre os benefícios e os riscos de alguns dos ativos digitais mais populares, tais como Bitcoin, Ethereum ou NFT.
O primeiro desses desafios é naturalmente regulamentar. Não devemos esquecer que não existe ainda um regulamento específico que regule esses ativos digitais na sua totalidade na Europa , e por isso é importante prestar atenção à formulação e desdobramento do regulamento MICA (do inglês, Markets in Crypto Assets), que será a primeira tentativa de regular o mercado de criptoativos e as plataformas que operam com eles à escala europeia.
O desafio regulamentar está diretamente relacionado com o decorrente da própria composição e da natureza atual do universo dos ativos digitais. Enquanto se aguarda por regras de jogo claras, atualmente o mercado de ativos digitais caracteriza-se pela ausência de operadores de referência, pela sua elevada dispersão e variabilidade, que expõe os participantes a um risco considerável.
Nesse contexto, o Cecabank está a aproximar-se dos ativos digitais de forma semelhante à forma como o fazemos com os ativos tradicionais desde a nossa constituição enquanto entidade de crédito grossista: com rigor, de forma meticulosa e procurando avançar sempre sobre terreno firme. Atualmente, o nosso papel é sobretudo o de acompanhar as entidades financeiras, as seguradoras e os operadores institucionais para que comecem a adotar este novo mercado digital.
Para isso, estamos a formalizar alianças estratégicas com agentes de reconhecido prestígio, através da identificação e construção de relações relevantes com os melhores players de uma indústria em constante adaptação. Em paralelo, também estamos a formar as nossas equipas e a desenvolver capacidades internas relativamente aos ativos digitais, para que essa formação contínua nos permita estar preparados para capitalizar todas as oportunidades que esta nova gama de ativos irá sem dúvida trazer aos nossos clientes a curto, médio e longo prazo.
Em suma, numa altura em que os ativos digitais apontam para um grande potencial revolucionário, mas estando ainda sujeitos a uma considerável incerteza e escrutínio por parte dos agentes financeiros, o Cecabank dotou-se de um roteiro para agir como bússola e consultor de confiança em todos os assuntos relacionados com os ativos digitais.
Precisamente para continuar a avançar neste roteiro e curva de aprendizagem, a inovação no post-trading será o foco da VIII Jornada de Securities Services "Oportunidades de post-trading num contexto sustentável e digital", que o Cecabank organizará na próxima terça-feira, 24 de fevereiro, em colaboração com a Funds People, El Español e Invertia. Pode aceder à jornada na seguinte ligação.
