2 de abril de 2024

Ranking Depositários 2024

Funds People

Desde 2008, tem vindo a ocorrer um processo de concentração no setor de depositários de Espanha, impulsionado por duas tendências. Por um lado, o setor da gestão de ativos e as infraestruturas de mercado exigem cada vez mais uma maior especialização e investimento em tecnologia. Esta inovação digital, para além de procurar uma maior eficiência operacional, tem também como objetivo “continuar a inovar nos serviços e produtos disponibilizados aos nossos clientes, melhorando processos e circuitos, com impacto nos participantes”, explica Fernando García Rojo, responsável de Vendas e Relações com Clientes do BBVA Global Securities Services. Esta digitalização, que exige um investimento intensivo, fomentou a concentração da atividade de depositário num número reduzido de entidades.

O segundo fator de concentração é a tendência de os grupos financeiros, que tradicionalmente combinam as atividades de gestão, distribuição e depósito de veículos de poupança e investimento, deixarem de prestar serviços de depositário e relegarem essa atividade para depositários fora do grupo, com o intuito de se concentrarem nas suas atividades core. Esta tendência também se verificou a nível internacional.

Esta evolução, associada à concorrência entre depositários para conquistar as atividades de um maior número de entidades, teve consequências diferentes para os aforradores e investidores. Tal como explica Aurora Cuadros, diretora corporativa da área de Securities Services do Cecabank, os principais efeitos foram “a descida consistente das comissões médias dos depositários e a melhoria da qualidade dos serviços prestados pelos depositários, derivada da elevada especialização e das inovações tecnológicas aplicadas”.

A CNVM estima que as comissões dos depositários foram reduzidas em 36% desde 2008, até 0,07%. Será que esta tendência descendente vai continuar? As opiniões são diversas. Nuria Alonso, responsável de Produto de Securities Services do BNP Paribas, considera que “esta tendência de contenção de preços vai a continuar e poderá mesmo acentuar-se, de modo a oferecer um serviço o mais competitivo possível”. Porém, a especialista adverte que, mesmo neste contexto de custos mais elevados e perante a impossibilidade de aumentar os preços, “é necessário garantir a qualidade do serviço, o nosso objetivo final é proteger os interesses dos investidores”, sublinha.

Entre as pressões exercidas sobre o setor, contam-se as novas obrigações de natureza jurídica. “Enfrentamos um setor muito desafiante em termos de regulamentação. É, além disso, muito dinâmico e sensível às flutuações dos preços”, comenta Óscar Pino, responsável dos Serviços de Depositário da Inversis. Não obstante, “a função do depositário centra-se em oferecer o serviço em conformidade com a regulamentação, procurando sempre o equilíbrio ideal entre um serviço de qualidade e um preço competitivo”

Rentabilidade

Por sua vez, Cristina Gómez, responsável de Soluções de Negócio da Caceis, considera que as descidas podem ter estagnado: “Os preços dos depositários atingiram o seu ponto mais baixo porque é importante que continuemos a ser entidades rentáveis para podermos assumir os investimentos a fazer, que acompanham a eventual mudança de infraestruturas tecnológicas e a adaptação às evoluções no âmbito regulamentar. É isto que vai garantir um serviço de qualidade e assegurar que o setor não se torna mais concentrado", acrescenta.

Em todo o caso, o que é inegável é que, com este acompanhamento e adaptação às necessidades das sociedades gestoras, a figura da entidade depositária foi muito potenciada nos últimos anos. É assim que García Rojo, do BBVA, resume a questão: “Verificou-se uma evolução muito significativa da figura do banco de fundos para a de uma entidade que acompanha os clientes ao longo de todo o seu percurso”.

Esta concentração, a especialização, o contexto de diminuição das comissões e o ambiente regulamentar e tecnológico desafiante não impediram que o setor continuasse a crescer. De acordo com o Ranking de Depositários de Espanha elaborado pela FundsPeople, no final de 2023 o valor será de 512 074 milhões de euros, o que representa um crescimento do 9,7% em relação a 2022 (466 862 milhões). Se a isto se somarem os ativos alternativos, o volume sobe para 543 230 milhões.

As primeiras posições mantêm-se inalteradas em relação ao ano passado. O Cecabank, a Caceis, o BBVA e Securities Services do BNP Paribas ocupam os lugares cimeiros da tabela, muito distanciados dos restantes. Este Top 4 soma 475 900 milhões de euros, aglutinando 87% dos ativos depositados em Espanha

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